Psicóloga Juliana Conti analisa casos de cárcere privado e explica por que eles acontecem
Casos recentes de cárcere privado, como o que repercutiu nos Estados Unidos, têm chocado o mundo e despertado debates sobre os limites da violência psicológica e do controle humano.
A psicóloga Juliana Conti explica que, por trás desse tipo de crime, está o desejo de poder absoluto. “O agressor busca dominar não apenas o corpo, mas também a mente da vítima, anulando sua autonomia e identidade”, afirma.
Segundo ela, a lógica do cárcere vai além da prisão física: envolve manipulação emocional e isolamento social. O agressor, em geral, afasta a vítima de sua rede de apoio e constrói uma relação de dependência doentia. “Esse vínculo patológico faz com que muitas vítimas passem a acreditar que não são capazes de sair da situação, o que prolonga ainda mais o ciclo de aprisionamento”, explica.

Juliana também aponta que, do ponto de vista psicológico, esses agressores costumam apresentar traços de personalidade marcados pela necessidade de controle, insegurança extrema e ausência de empatia. “Muitas vezes, eles projetam suas próprias fragilidades na relação, usando a violência como estratégia para manter o domínio e mascarar suas vulnerabilidades”, analisa.
Para além da esfera individual, casos de cárcere privado levantam uma preocupação social urgente. Eles escancaram a dificuldade em identificar sinais de abuso e a necessidade de políticas públicas voltadas para prevenção, acolhimento e proteção das vítimas. “É preciso quebrar o silêncio que cerca essas violências. Quando a sociedade se cala, o agressor encontra terreno fértil para manter o ciclo de dominação”, ressalta a psicóloga.

Juliana conclui destacando que o cárcere privado não é apenas um crime contra a liberdade física, mas um ataque direto à dignidade humana. “O cárcere não se limita a cadeados. Ele aprisiona a identidade, destrói o senso de liberdade e mina qualquer possibilidade de resistência. Só com conscientização, informação e acolhimento é possível romper esse ciclo”, finaliza.